BRS Kurumi

Dúvidas e Respostas

Respostas elaboradas por uma equipe de 16 pesquisadores, de diferentes áreas e especialidades, e contêm orientações, recomendações e restrições de cultivo dessa cultivar.

Características de BRS Kurumi

Como a cultivar foi obtida ?

A cultivar foi obtida pela Embrapa Gado de Leite por meio de cruzamentos realizados entre as cv’s Merkeron de Pinda (BAGCE 19) e Roxo (BAGCE 57), ambas pertencentes ao Banco Ativo de Germoplasma de capim-elefante (BAGCE). Estas duas cultivares são de porte normal, porém a cv. Merkeron de Pinda apresenta um gene recessivo para nanismo na sua constituição genética. As progênies deste cruzamento apresentaram porte normal e as melhores plantas foram selecionadas e cruzadas entre si. A nova progênie resultante apresentou segregação de indivíduos de porte alto e baixo e de coloração verde e roxa. A cultivar originou-se da seleção e clonagem de uma das progênies de porte baixo e coloração verde.
A cultivar BRS Kurumi (em tupi-guarani, kurumi significa “menino”) foi registrada no Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) em 17/04/2012, sob o número 28690 e recebeu certificado de proteção de cultivares em 02/02/2012, sob o número 20120164 e, tendo sido lançada pela Embrapa em 2014.

Quais as principais características da cultivar ?

A BRS Kurumi é um clone de capim-elefante, que apresenta propagação vegetativa, ciclo perene e porte baixo, sendo recomendada para uso sob corte ou pastejo. Essa cultivar caracteriza-se por apresentar touceiras de formato semiaberto, folhas e colmos de cor verde, internódios curtos.

 

Apresenta crescimento vegetativo vigoroso, rápida expansão foliar e intenso perfilhamento basal e axilar. O florescimento ocorre entre os meses de junho e julho e nesta fase ocorre um alongamento dos colmos. As gemas do colmo apresentam excelente capacidade de brotação. A cultivar deve ser propagada por meio de estacas vegetativas.

Qual o potencial de produção e valor nutritivo da cultivar ?

A BRS Kurumi se destaca pela elevado potencial de produção de forragem (30 t/ha/ano de MS), alto valor nutritivo (18 e 20% de proteína bruta e digestibilidade entre 68 e 70%), elevada relação folha/caule e facilidade de manejo devido ao porte baixo.

Quais as formas de utilização ?

A forma preferencial de utilização da cultivar é o pastejo, no sistema de lotação rotacionada. Contudo, a BRS Kurumi também pode ser utilizada na forma de picado verde e silagem, embora o rendimento seja menor em relação a cultivar BRS Capiaçu. devido ao porte baixo.

A forragem da cultivar pode causar intoxicação em bovinos ?

A forragem da BRS Kurumi não apresenta componentes que possam causar intoxicação aos animais, podendo ser fornecida sem restrições.

Quais as exigências da cultivar em relação ao solo ?

O plantio deve ser realizado em solos profundos, bem drenados e de boa fertilidade. Áreas anteriormente estabelecidas com espécies do gênero Brachiaria, especialmente B. decumbens e B. brizantha, merecem bastante cuidado antes da implantação da BRS Kurumi.
Estas áreas apresentam, normalmente, um banco de sementes no solo que permanecem viáveis por longo período, mesmo após eliminação das plantas. Se possível, deve se evitar o plantio da cultivar nestas áreas ou proceder um controle rigoroso da braquiária por meio de dessecações e gradagens. Além disso, a utilização de herbicidas pré-emergentes, eficazes no controle da braquiária e seletivos para o capim elefante, devem ser levados em consideração no momento da implantação da capineira.

A cultivar é adaptada as condições de solos úmidos, frio intenso e seca prolongada ?

A BRS Kurumi não é adaptada a solos muito úmidos ou encharcados, portanto, não é recomendado o seu cultivo em áreas com essas condições de solo.

A cultivar apresenta maior tolerância ao frio quando comparada a outras cultivares de capim elefante e outras forrageiras tropicais. Sob condições de frio intenso ou ocorrência de geadas poderá ocorrer “queima” das folhas e perfilhos, contudo, passada a estação do inverno, as touceiras voltam a lançar novos perfilhos, sendo pouco comum ocorrer morte de plantas.

Embora seja bastante tolerante ao estresse hídrico, períodos secos muito prolongados afetam a produção de forragem dessa cultivar.

Quais as vantagens e desvantagens do cultivo da BRS Kurumi em relação a outras forrageiras ?

As principais vantagens são elevada produção de forragem e o seu excelente valor nutritivo. Outros características vantajosas da cultivar são: palatabilidade, velocidade de rebrota e a facilidade de manejo em relação a outros capins, notadamente cultivares de Panicum maximum como Mombaça, Tanzânia e BRS Zuri. A BRS Kurumi apresenta porte baixo, com internódios curtos, sendo facilmente rebaixada pelos animais em pastejo, não sendo necessária a realização de roçadas.
Como pontos desfavoráveis tem-se o plantio por mudas que eleva os custos de implantação e a sua susceptibilidade às cigarrinhas-das-pastagens. Outro aspecto a considerar é a sua exigência em relação a fertilidade do solo. A falta de adubações de reposição afeta o seu desenvolvimento e capacidade de competição com plantas daninhas, resultando em pastagem infestada e a produção de forragem reduzida.

Existe algum inoculante específico para capim-elefante que promova a fixação de nitrogênio atmosférico no solo ?

Ainda não. Contudo, estudos tem demonstrado que o capim-elefante é capaz de fixar nitrogênio por meio de associação com Azospirilum e outras bactérias. Assim, espera-se o desenvolvimento de inoculantes para capim-elefante em futuro breve, o que deverá reduzir o uso de adubo nitrogenado em cobertura.

A BRS Kurumi pode ser cultivada em todo o Brasil ?

A cultivar apresenta boa adaptação a locais de clima tropical e subtropical, sendo seu cultivo é recomendado nos Biomas Mata Atlântica, Cerrado e Amazônia. A cultivar também tem apresentado boa adaptação as condições do bioma Pampa na Região Sul do país.

Onde adquirir mudas da Cultivar ?

A Embrapa credenciou uma rede de viveiristas que comercializam mudas ou estacas certificadas dessa cultivar. A relação dos viveiristas credenciados2:

Produção de Mudas

Qual a idade da planta (colmos) para plantio de novas áreas ?

Para se obter uma boa brotação das gemas os colmos para cultivo devem estar “maduros”, ou seja, possuir mais 100 dias de rebrota ou crescimento.

Qual é o espaçamento para formação de viveiro de mudas ?

Recomenda-se o espaçamento de 1,0 x 1,0m entre covas visando reduzir a competição entre plantas e favorecer maior perfilhamento das touceiras.

Qual o rendimento de mudas (colmos) do viveiro ?

O cultivo de um hectare de viveiro da BRS Kurumi produz, por corte, colmos para plantio de 4 ha a 5 ha, considerando um plantio convencional (colmos dispostos no sulco e seccionados a cada 40 cm a 50 cm). Para aumentar essa taxa de multiplicação os colmos podem ser subdivididos em pedaços menores, com 1 nó a 2 nós, que são plantados em copos plásticos perfurados, tubetes ou saco plástico para mudas. Posteriormente, essas mudas devem ser transplantadas para o local definitivo no campo.

Plantio e tratos culturais

Qual a melhor época para plantio ?

O plantio da BRS Kurumi deve ser feito no início da época chuvosa. Nas Regiões Sudeste e Centro-Oeste o plantio deve ser feito preferencialmente entre os meses de novembro e meados de janeiro. Na Região Sul, o plantio pode ser feito de setembro a fevereiro. No caso de mudas enraizadas, é possível plantar até abril. O importante é que as plantas estejam bem enraizadas no solo antes da época seca e da ocorrência de geadas.
No entanto, existem relatos de produtores do Rio Grande do Sul que realizaram o plantio em maio e junho, com excelentes resultados, uma vez que nesta época, a umidade do solo é maior que no verão, logo a brotação é mais eficiente. Com relação ao risco de geadas, estes mesmos produtores relatam que a geada queima a brotação, mas em seguida ocorre rebrotamento.

Qual a vantagem de plantar mudas enraizadas ?

As mudas produzidas em tubetes ou copos plásticos, antes de serem transplantadas ao campo, já possuem sistema radicular desenvolvido, ao contrário do plantio feito com pedaços de colmo. As mudas enraizadas se desenvolvem mais rapidamente, apresenntando maior tolerância a condições adversas de solo e clima, como falta ou excesso de umidade logo após o transplante.

Como o solo deve ser preparado ?

O solo deve se preparado de forma convencional como o objetivo de torná-lo destorroado e uniforme. O número de operações de arações e gradagens dependerá do tipo de solo e das condições específicas da área antes da implantação da pastagem. Áreas estabelecidas com capins do gênero Brachiaria necessitarão, normalmente, de mais operações, a fim de se promover ao máximo a eliminação dessa forrageira.
Em áreas declivosas, é possível implantar diretamente a BRS Kurumi sem a necessidade de preparar a área de forma convencional. Um exemplo é utilizar uma haste sulcadora (escarificador ou subsolador) espaçadas de 80 cm (entre linhas) no sentido do nível do terreno. Depois introduzir os colmos ou as mudas nestas linhas escarificadas.
Com base na análise química do solo, deve-se proceder a calagem, para neutralização do alumínio, elevação do pH e fornecimento de cálcio e magnésio. Para uso sob manejo intensivo recomenda-se a calagem para elevar a saturação por bases a 60% ou a pH de 5,5.

Qual a recomendação de adubação de plantio e de cobertura da pastagem ?

A calagem e a adubação de plantio são as mesmas recomendadas para a cultivar BRS Capiaçu.
A adubação de cobertura ou de manutenção para a cultivar BRS Kurumi, deve ser realizada quando as plantas estiverem com altura média de 30 cm, e após cada pastejo, sendo recomendada a aplicação de 1.000 kg/ha/ano da fórmula 20-05-20, fracionadas em cinco ou seis aplicações iguais durante a época chuvosa. Em solos onde a concentração de potássio na solução do solo esteja acima de 100 mg/kg (ppm), não há necessidade de aplicação de uma fonte contendo potássio. A ureia pode ser utilizada para suprir a demanda por nitrogênio. A recomendação é de 200 kg/ha/ano de nitrogênio, equivalentes à 444 kg de ureia. No caso do uso da ureia, é importante verificar, por intermédio dos resultados da análise de solo, se o fósforo é limitante. Neste caso, aplicar juntamente com a primeira aplicação de ureia, 50 kg/ha/ano de P2O5, equivalentes a 250 kg/ha/ano de superfosfato simples, baseado em resultados de pesquisas desenvolvidos pela Embrapa Gado de Leite. Recomenda-se que essas adubações sejam realizadas após a saída dos animais dos piquetes, desde que para tanto o solo esteja úmido, após uma chuva ou após uma irrigação. Caso não ocorram chuvas após a saída dos animais, ou não haja irrigação, pode-se esperar um pouco mais de tempo. Assim, ao invés de se adubar a cada saída dos piquetes, deixe acumular três ou quatro piquetes recém pastejados. O Importante é que o solo esteja úmido. As adubações devem ser realizadas ao longo da estação das águas, quando as condições de umidade do solo são favoráveis.

Qual é o espaçamento recomendado para plantio da cultivar ?

A recomendação é que o plantio seja feito em sulcos com 20 cm de profundidade e espaçamento variando de 50 cm a 80 cm. Espaçamentos menores aceleram o fechamento das entrelinhas, mas aumentam a demanda por mudas, o que pode representar um problema, pois o rendimento médio de mudas da BRS Kurumi é significativamente menor que aquele das cultivares de capim-elefante de porte normal (Napier, Cameroon, BRS Capiaçu, entre outras). Um hectare da BRS Kurumi normalmente fornece mudas, por corte, para o plantio de 4 ha a 5 hectares. O plantio em covas com estacas, espaçadas de 50 cm x 50 cm, pode ser uma alternativa.

É possível mecanizar o plantio do capim-elefante ?

Atualmente, não existem plantadeiras mecanizadas, especificas para o cultivo do capim-elefante. Caso a área a ser cultivada seja grande e haja disponibilidade de equipamentos, a BRS Capiaçu e a BRS Kurumi poderão ser plantadas com as mesmas plantadeiras usadas para cana-de-açúcar ou para mandioca. Deverão ser realizados ajustes no sistema de distribuição dos toletes, face as diferenças de tamanho dos propágulos das duas cultivares.

É possível consorciar a BRS Kurumi com outra forrageira ?

Sim, é possível. No entanto, pela agressividade de desenvolvimento da cultivar no verão, dificilmente outra forrageira conseguirá se desenvolver, a não ser que seja adotado um espaçamento maior, permitindo a introdução de outra forrageira na entre linha. Contudo, provavelmente ocorrerá redução da produtividade da cultivar. Para as condições da região Sul do Brasil, durante o inverno, pode-se plantar leguminosas como a ervilhaca, por exemplo, que além de produzir forragem no período promove a fixação de nitrogênio no solo, beneficiando a BRS Kurumi.

Na região Sul, é recomendado sobressemear a BRS Kurumi com forrageiras de inverno para aproveitar a pastagem o ano todo ?

Não. Como o manejo das espécies de inverno é mais baixo, os animais podem rebaixar demais o capim-elefante, e mesmo consumir os brotos antes do tempo, o que prejudicaria as plantas.
Considerando que, mesmo nas regiões mais frias, tem-se conseguido utilizar a BRS Kurumi de setembro a maio, restam apenas três meses sem pastejo na área. Esse tempo é menor do que no sistema utilizado em muitas propriedades, que intercala uma forrageira anual de verão e outra de inverno.
Recomenda-se reservar outra área da propriedade para as forrageiras de inverno.

Qual o sistema de irrigação recomendados ?

As recomendações de irrigação para a cultivar BRS Kurumi são as mesmas apresentadas anteriormente para a cultivar BRS Capiaçu.

Como usar a irrigação estratégica no manejo da pastagem de BRS Kurumi ?

Essa é uma prática utilizada para fornecimento de água às plantas nos momentos críticos do ano, sejam naqueles relacionados aos veranicos, ou durante o período de estiagem.
O uso da irrigação deve levar em consideração a disponibilidade de água na propriedade, a outorga de uso e os fatores climáticos.
Em Regiões onde a temperatura média das mínimas for inferior a 15 °C, a resposta das gramíneas forrageiras tropicais na produção de biomassa tem sido reduzida. A planta é estimulada para o crescimento, mas esta resposta tem sido baixa em relação ao custo operacional de tal prática.
Assim, nas regiões onde as baixas temperaturas não alcançam valores limitantes ao crescimento das forrageiras tropicais, a irrigação estratégica constitui uma excelente alternativa, para garantir maiores produções de matéria seca do capim-elefante BRS Kurumi.
A estratégia de iniciar a irrigação de pastagem de capim-elefante a partir de julho aumenta o período de utilização anual do pasto, pela antecipação do pastejo durante a época seca, entre cinco e seis semanas.

Controle de Pragas Doenças e Plantas Daninhas

A BRS Kurumi é resistente as cigarrinhas-da-pastagens ?

Não. Assim, em regiões com histórico de alta infestação das cigarrinhas-das-pastagens, o uso dessa cultivar deve ser restringido ou adotadas estratégias de controle dessa praga.

Como controlar as cigarrinhas-das-pastagens ?

Para se ter sucesso no controle das cigarrinhas das pastagem, principal problema biótico das forrageiras, deve seguir as mesmas recomendações apresentadas para a cultivar BRS Capiaçu.

A convivência com plantas daninhas prejudica a produção de forragem ?

Erroneamente, muitos pecuaristas acreditam que plantas daninhas e forrageiras podem conviver sem nenhum prejuízo à capacidade de produção de forragem. Na realidade, o capim-elefante quando implantado em áreas sem nenhum controle, é capaz, na maioria das vezes, de ultrapassar o dossel foliar das plantas daninhas, cobrindo e estabelecendo-se na área. Embora o capim-elefante se sobressaia sobre as plantas infestantes, ocorre um prejuízo à produção de forragem, geralmente não percebido devido ao fato de não se ter uma testemunha comparativa. Pesquisas conduzidas na Embrapa Gado de Leite revelaram que nesta situação, as perdas na produtividade de forragem podem chegar a 42%. Tomando como exemplo, a BRS Capiaçu apresenta potencial para produzir 100 t/ha de matéria verde, com 100 dias de crescimento, quando o controle de plantas daninhas é aplicado adequadamente. Sem o controle das plantas daninhas, ocorre uma redução da produtividade para 58 t/ha de matéria verde. Essa perda ainda pode ser mais drástica dependendo da densidade e das espécies de plantas daninhas nas áreas de cultivo.

Como realizar o controle de plantas daninhas na pastagem ?

Os procedimentos necessários para se ter sucesso no controle de plantas daninhas nessa cultivar não diferem muito das práticas já mencionadas para BRS Capiaçu. As práticas adotadas, herbicidas e dosagens que, nas pesquisas se mostraram promissores para BRS Capiaçu, também são potencialmente aplicáveis para BRS Kurumi. O que mais difere no procedimento a ser adotado numa cultivar e noutra está relacionado ao momento em que as práticas de controle devem ser efetivamente adotadas. Como o espaçamento para BRS Kurumi varia de 0,5 m a 0,8 m nas entrelinhas, há um fechamento mais rápido dessa forrageira, quando comparado a BRS Capiaçu, que normalmente utiliza espaçamento de 1,30 m. Embora ainda não existam resultados experimentais conclusivos sobre os períodos de competição para BRS Kurumi, espera-se que exista uma redução nesses períodos em relação à BRS Capiaçu. Ou seja, se para BRS Capiaçu, a pastagem deve ser mantida livre da interferência por plantas daninhas até 42 dias após o plantio, para BRS Kurumi esse período deve ser bem menor.

Manejo da pastagem

Qual o sistema de manejo recomendado para a BRS Kurumi ?

O método de pastejo mais recomendado para a cultivar é o de lotação rotacionada, que se baseia na divisão da pastagem em um número variável de piquetes. Normalmente, o período de ocupação dos piquetes varia entre 1 dia a 3 dias e o período de descanso (intervalo de desfolha) deve se basear na altura das plantas no pré-pastejo.

Como calcular o tamanho dos piquetes ?

O tamanho do piquete num pastejo rotacionado depende de alguns fatores dentre os quais, da quantidade e peso dos animais, da produção de forragem do pasto etc. Uma das formas é considerar o lote de animais, a área por animal por dia e os dias de ocupação de cada piquete. Assim, o tamanho do piquete (TP) seria: TP = número de animais x área por animal x dias de ocupação do piquete. Como exemplo podemos considerar um lote de 30 animais, 60 m2 por animal por dia e dois dias de ocupação dos piquetes. Nesse caso teríamos piquetes de 3.600 m2.
Vale lembrar que a área por animal por dia está diretamente relacionada à produção de forragem do pasto. Assim, pastos mais intensivamente manejados e com adubação produzem mais forragem e permitem menor área diária de pasto por animal. Já para pastos menos produtivos a área necessária por animal deve ser maior a fim de atender a demanda de forragem. Obviamente que durante a fase de menor crescimento do pasto (seca por exemplo) será necessário o uso de estratégias como a suplementação, ou a redução do lote de animais, a fim de aliviar a pressão de pastejo e evitar a deterioração da pastagem.
Existem outras opções mais refinadas que se baseiam no equilíbrio entre oferta e demanda de forragem e pra isso é preciso estimar características como a taxa de crescimento do pasto, a eficiência de uso do pasto, o consumo de forragem por animal, além dos períodos de descanso e de ocupação dos piquetes e obviamente do lote de animais.

Os corredores de acesso aos piquetes podem ser plantados com a BRS Kurumi ?

Os corredores podem ser plantados com essa cultivar, no entanto, como ela forma touceiras e com o passagem diária de animais, poderão aparecer pontos de erosão no solo. Logo, para evitar estes problemas, é indicado plantar outra gramínea que promova boa cobertura e seja tolerante ao pisoteio contínuo, como as cultivares de Cynodon (ex: Tifton 85, Tifton 68, grama Estrela). Forrageiras com propagação por meio de sementes, como as braquiárias, devem ser evitadas, visto que as sementes produzidas podem resultar em infestação dos piquetes por essas espécies.

Com qual idade pode-se realizar o primeiro pastejo ?

Como a BRS Kurumi é plantada por estacas (colmos), seu estabelecimento é mais rápido do que pastagens implantadas por sementes. Neste caso, em boas condições de plantio é possível fazer o primeiro pastejo (pastejo de uniformização) com 40 dias a 50 dias após o plantio. É importante lembrar que este deve ser um pastejo leve, removendo apenas o terço superior do dossel, a fim de estimular o perfilhamento e o enraizamento das plantas, aumentando o diâmetro das touceiras.

Qual a altura do pasto para a entrada e saída dos animais dos piquetes ?

Uma vez estabelecida a pastagem, nos pastejos subsequentes ao de estabelecimento (uniformização), os animais devem entrar no piquete quando o capim estiver com 80 cm de altura. Já a altura média do pasto para a retirada dos animais deve ser entre 30 cm e 40 cm.

Qual a taxa de lotação da pastagem ?

A taxa de lotação está diretamente ligada à produção de forragem. Esta por sua vez depende de fatores como o potencial de produção da gramínea e das condições climáticas como água, temperatura, radiação solar e luminosidade. A fertilidade do solo e o nível de adubação afetam diretamente a produção de forragem e, consequentemente, a taxa de lotação. A BRS Kurumi, como uma gramínea tropical, alcança seu potencial máximo de produção de forragem durante a época quente e chuvosa. Em regiões onde a temperatura e fotoperíodo não são limitantes ao crescimento da planta e existe a possibilidade do uso de irrigação, é possível obter altas taxas de lotação durante a maior parte do ano. Já em locais em que há queda da temperatura e falta de chuvas observa-se forte redução da produção de forragem e, portanto, da taxa de lotação. Nesse período a recomendação é de se reduzir o número de animais na pastagem e/ou fornecer suplemento volumoso para os mesmos.
Resultados de pesquisa da Embrapa Gado de Leite têm apontado taxas de lotação, em pastos adubados, variando de 7 UA/ha a 9 UA/ha durante a estação chuvosa. Durante a estação seca essa taxa pode ser reduzida em até 80% dependendo das condições, ou seja, alcançando valores de 1,4 UA/ha a 1,8 UA/ha.

Quantos pastejos são possíveis fazer em um ciclo da pastagem ?

No sul do Brasil, o período de pastejo ocorre, normalmente, de setembro a maio. A quantidade de pastejos vai depender do intervalo entre os mesmos, que varia em função das condições ambientais. Assim, realizando um pastejo a cada 30 dias, ter-se-á, em média, nove pastejos no período. Contudo, no Rio Grande Sul, existem relatos de produtores que realizaram até 14 pastejos na mesma época. Esta variação acontece em função do clima, da adubação e do manejo do pasto.
Em outras regiões, que não apresentam restrições severas de frio e seca, os pastejos poderão ocorrer durante todo o ano, com intervalos maiores durante o inverno em relação ao verão.

Quanto tempo dura a pastagem ?

Quando observadas as recomendações de plantio, adubação e manejo estima-se que a pastagem de BRS Kurumi poderá durar até 15 anos. Na Região Sul do Brasil, na Embrapa Clima Temperado, existem pastagens dessa cultivar em uso a mais de oito anos, sem perda de produtividade.

Valor nutricional

Qual o valor nutritivo da forragem ?

Amostras da forragem têm apresentado valores de proteína bruta de 18% a 20% e digestibilidade in vitro entre 68% e 70%. Portanto, a BRS Kurumi apresenta elevado valor nutritivo, destacando-se entre as forrageiras tropicais.

Há necessidade de alimentos concentrados para suplementar os animais na pastagem ?

A suplementação depende da categoria animal e do nível de produção de leite ou de ganho de peso esperado. Para explorar o alto teor proteico da forragem de BRS Kurumi recomenda-se o uso de suplementação com uma fonte energética. Para melhores respostas deve-se buscar a orientação de um nutricionista para balanceamento da dieta com base na composição da forragem e considerando a categoria e desempenho dos animais.

Além de bovinos que outros animais podem pastejar a BRS Kurumi ?

A cultivar pode ser usada na alimentação de bovinos, caprinos e ovinos. Ainda, diversos produtores da Região Sul do Brasil têm relatado o seu fornecimento para suínos, peixes e aves, com boa aceitação e redução no custo de alimentação desses animais.
Em relação aos equinos, vários produtores tem relatado o pastejo dessa cultivar com excelente aceitação pelos animais e sem a ocorrência de problemas, como cólicas intestinais. Contudo, a BRS Kurumi ainda não é recomendada para os equinos, até que sejam realizados estudos conclusivos sobre o seu uso por esses animais.

A cultivar é também recomendada para produção de silagem e feno ?

A produção de silagem é possível em situações específicas e desde que observadas algumas condições. A principal preocupação para esse tipo de utilização é o alto teor de umidade da forragem mesmo em idades avançadas. Assim, para a confecção de silagem recomenda-se a pré-secagem da forragem ou a adição de ingredientes com o objetivo de aumentar o teor de matéria seca da massa ensilada.
Embora a cultivar apresente alta produção de folhas a fenação não é recomendada devido à dificuldade de recolhimento do material no campo e do enfardamento.

A forragem da BRS Kurumi influencia a composição do leite das vacas ?

Estudo conduzido com vacas mestiças em lactação, alimentadas exclusivamente com essa cultivar, manejada sob pastejo intensivo e sem suplementação, obteve produção média de 12,7 kg de leite /dia, contendo 3,8% de gordura, 2,9% de proteína e 4,4% de lactose1. O elevado teor de gordura tem maior destaque pelo perfil dos ácidos graxos, devido aos altos teores dos ácidos oleico, vacênico e rumênico, os quais são benéficos para a saúde humana. Nesse estudo, a cultivar promoveu, em média, acréscimos de 21%, 66% e 58% nos teores dos ácidos oleico, vacênico e rumênico no leite, quando comparado à Brachiaria brizantha cv. Marandu2 e cv. Xaraés3 e ao Panicum maximum, cv. Tanzânia4. Esses resultados demonstram o potencial nutracêutico do leite produzido por vacas manejadas em pastagem da BRS Kurumi.

Custo de Produção

Qual é o custo de implantação da BRS Kurumi ?

Foi estimado o custo de produção utilizando informações de experimentos da Embrapa Gado de Leite e de parceiros. O custo de implantação de 1 ha, considerando os preços tomados na região de Juiz de Fora, em abril de 2020 e a produção de 150 toneladas de forragem, foi estimado em R$ 6.462,00, assim divididos:
(i) Preparo e correção do solo (11%);
(ii) Corte e transporte de mudas (12%);
(iii) Plantio (33%);
(iv) Tratos culturais (39%);
(v) Outros custos (5,00%).
O manejo da pastagem, aqui representado pelas atividades plantio e tratos culturais, apresentaram os custos mais elevados e, por isso, devem ter especial atenção do produtor pela sua importância na obtenção de forragem de qualidade e a custo adequado.

Qual é o custo anual de manutenção da pastagem ?

O custo de manutenção anual de 1 ha da pastagem, considerando os preços tomados na região de Juiz de Fora, em abril de 2020, foi estimado em R$ 3.626,00, assim composto:

(i) Adubação de cobertura (64%);

(ii) Controle de plantas daninhas (18%);

(iii) Outros custos (18%).
Manejo da pastagem, aqui representado pelos itens adubação de cobertura e controle de plantas daninhas, perfazem 82% do custo com repercussão na economicidade e no desempenho da forrageira.

Qual é o custo total da pastagem ?

Para o cálculo do custo total da pastagem deve ser considerado os custos de implantação, que será depreciado por 20 anos a uma taxa de juros de mercado e adicionado os custos anuais de manutenção da forrageira. Desta forma, o custo anual total, considerando os preços tomados na região de Juiz de Fora, em abril de 2020, foi estimado em R$ 4.182,00/ha, sendo a depreciação anual estimada em cerca de 13% e a taxa de manutenção em 87%, correspondendo a R$ 139,00/t de MS e R$ 28,00/t de matéria natural.

Qual o custo da irrigação da pastagem ?

O pasto irrigado, além de garantir a produção de forragem nos períodos de seca, pode aumentar a capacidade de produção da BRS Kurumi em mais três toneladas de matéria seca/ano. É importante destacar que sob frio intenso a irrigação não terá efeito significativo. Os custos da irrigação devem ser considerados na implantação e na manutenção da pastagem. Considerando a produção total de 33 toneladas de matéria seca do pasto com irrigação, o seu custo foi estimado em R$ 4.960,00, sendo:

(i) Depreciação do capital de formação e estabelecimento da lavoura por 20 anos (12%);
(ii) Manutenção da pastagem (88%).
Apenas a irrigação de manutenção correspondeu a 15% do custo total. Esses valores correspondem a um custo de R$ 150,00 por tonelada de matéria seca e R$ 30,00 de tonelada de capim fresco para pastejo.

Qual o custo para fornecimento da forragem fresca, no cocho ?

A cultivar apresenta elevado potencial de produção de forragem de alto valor nutritivo, podendo, também, ser utilizada fresca no cocho. Neste caso, além dos custos de implantação e manutenção da lavoura devem ser considerados o corte, a picagem e a distribuição. Foram estimados custos considerando duas situações, corte manual com picagem mecanizada e corte e picagem mecanizados. Para o caso de corte manual o custo total de 30 toneladas de matéria seca da BRS Kurumi, posto no cocho, foi estimado em R$ 8.370,00, sendo:
(i) Depreciação do capital de formação e estabelecimento da lavoura por 20 anos (7%);
(ii) Manutenção da lavoura (43%);
(iii) Colheita, picagem e distribuição (50%).
Esses valores correspondem a R$ 279,00 por tonelada de matéria seca no cocho. Para o caso de corte mecanizado o custo total das 30 toneladas de matéria seca, posto no cocho, foi de R$ 5.856,00 sendo:

(i) Depreciação do capital de formação e estabelecimento da lavoura por 20 anos (9%);
(ii) Manutenção da lavoura (62%);
(iii) Colheita, picagem e distribuição (29%).
Esses valores correspondem a R$ 195,00 por tonelada de matéria seca no cocho. Essa diferença de valores entre corte mecanizado e manual é resultante dos custos da mão de obra necessária para o corte e para a distribuição. As estimativas de custo dessas duas formas de uso picado verde se mostraram mais caras que a pastagem da BRS Kurumi, devendo ser adotadas apenas em situações especiais.

O pastejo da BRS Kurumi é vantajoso em relação a outras forrageiras tropicais ?

A Embrapa Gado de Leite realizou estudo comparativo entre diferentes forrageiras em relação ao custo de produção por unidade de área e por fontes de proteína (PB) e energia (NDT), Tabela 2.
Os resultados demonstram que o menor investimento no estabelecimento de um hectare de pastagem foi obtido com a Brachiaria decumbens e o mais caro o do Coast Cross. Observando a produção por hectare cultivado, em termos de nutrientes, fica evidente que a Brachiaria decumbens foi a que apresentou as menores quantidades de PB e NDT, por hectare/ano.

Produção de matéria seca (MS), proteína bruta (PB) e nutrientes digestíveis totais (NDT), por hectare, da pastagem da BRS Kurumi, Tanzânia, Basilisk, Marandu e Coast Cross e custo total por hectare e da tonelada de MS, PB e NDT.

O estudo mostrou que as cultivares Coast Cross e a BRS Kurumi produziram as maiores quantidades de proteína por unidade de área cultivada, tendo a BRS Kurumi produzido 16% mais que a Coast Cross. No que se refere à produção de energia em um hectare cultivado, a BRS Kurumi produziu 20,7 t/ha de NDT, sendo superior as cultivares Tanzânia (76%), Basilisk (214%), Marandu (164%) e Coast Cross (42%). Isso resulta do seu elevado teor de NDT da ordem de 69% e maior produtividade de matéria seca por hectare. Em relação a produção de proteína bruta por hectare, a BRS Kurumi, também foi superior ao capim Tanzânia (78%), Basilisk (375%), Marandu (213%) e Coast Cross (16%). O custo de produção da tonelada de PB e NDT da BRS Kurumi é menor do que em todos os demais capins. Assim, pode-se concluir que a BRS Kurumi é uma excelente forrageira para pastejo intensivo.

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